Análise Fonética da música "Segue o Seco" de Marisa Monte
- gogvg7
- 29 de jul. de 2015
- 2 min de leitura
A boiada seca Na enxurrada seca A trovoada seca Na enxada seca Segue o seco sem sacar que o caminho é seco Sem sacar que o espinho é seco Sem sacar que seco é o Ser Sol Sem sacar que algum espinho seco secará E a água que sacar será um tiro seco E secará o seu destino seca Ô chuva vem me dizer Se posso ir lá em cima prá derramar você Ó chuva preste atenção Se o povo lá de cima vive na solidão Se acabar não acostumando Se acabar parado e calado Se acabar baixinho chorando E se acabar meio abandonado Pode ser lágrimas de São Pedro Ou talvez um grande amor chorando Pode ser o desabotoar do céu Pode ser um coco derramando
ANÁLISE INTERPRETATIVA
A música composta por Carlinhos Brown foi single promocional do disco “Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão”, de 1994. Sua abordagem é baseada na seca e espera pela chuva, o que remete ao sertão do nordeste brasileiro, que sofre com a escassez de chuva. O autor utiliza com propriedade o recurso da aliteração, repetindo sílabas com a consoante “s”com intuito de reafirmar o tom de secura.
Com relação ao videoclipe, que foi lançado em 1995, a temática se atenta ao mesmo universo nordestino, sendo ambientado na caatinga. Marisa Monte, a intérprete da canção, aparece cantando em meio a sertanejos, ossos de animais que morreram pela fome e seca e símbolos religiosos. O aspecto de cruzes e imagens de santo são ilustrações da fé do povo, que é atendido no fim do vídeo com chuva, mas esta não tarda.
ASPECTOS LINGUÍSTICOS E DISCURSIVOS
Na música é possível observar a escolha da palavra seca como variante e base para toda a letra. O sentido empregue na palavra é variado. A seca pode tanto significar seca com referência a estiagem nos extremos e sudeste do Brasil, como seca no sentido de vida vazia.
Na construção das sentenças encontra-se a Assonância, que é a repetição de vogais, encontrada no verso: “Segue o seco sem secar”; a Aliteração, que repete as consoantes, e Anáfora, na qual há repetição de palavras, ambos presentes em: “Segue o secosem secar o caminho é seco/ sem secar que o espinho é seco/ sem sacar que o seco é ser sol”
O vídeo da música pode ser relacionado também, ao livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que retrata o sofrimento de uma população que espera fervorosamente a chegada da chuva.
ASPECTOS FONÉTICOS E FONOLÓGICOS
Com relação aos aspectos fonéticos e fonológicos:
Na frase “Ô chuva vem me dizer” o fonema o [o] configura a ideia de chamar por algo.
Na frase “Ó chuva preste atenção” o fonema o [c] configura a ideia endeusamento.
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